Em Portugal, os casos de suspensão da atividade de empresas por motivos de saúde pública são pontuais, mas devemos preparar-nos para a eventualidade de se tornarem mais frequentes. Tudo isto requer uma resposta dinâmica por parte do Governo, conforme o exigir a evolução da situação.

Leia aqui o artigo de opinião desta semana assinado por António Saraiva na sua coluna semanal do Dinheiro Vivo, ao sábado.
Publicado no Dinheiro Vivo, edição de 14.03.2020

https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/rapidez-flexibilidade-adaptabilidade/

À medida que a pandemia do COVID-19 se propaga, também o seu impacto económico nas empresas se vai alastrando e intensificando.

Aos graves efeitos sentidos nas atividades relacionadas com o turismo, somam-se agora notícias de perturbações severas em diversos setores industriais.

Um dos maiores grupos contratantes da indústria portuguesas de vestuário cancelou todas as encomendas que ainda não foram produzidas; a indústria extrativa reporta problemas de abastecimento de material de desgaste, de redução da procura e de falta de contentores e transportadores por via marítima; a cerâmica dá conta de casos de cancelamento de todas as encomendas colocadas para entrega durante os meses de maio e junho.

Estes são apenas os exemplos mais recentes de que tive conhecimento, no momento em que escrevo. A situação altera-se a cada instante, quer na intensidade, quer nos seus contornos. Se, por um lado, a China já está a retomar a laboração, esperando-se para breve a restauração da normalidade, a Europa ainda está a começar a sentir os efeitos diretos da pandemia.

Em Portugal, os casos de suspensão da atividade de empresas por motivos de saúde pública são pontuais, mas devemos preparar-nos para a eventualidade de se tornarem mais frequentes.

Tudo isto requer uma resposta dinâmica por parte do Governo, conforme o exigir a evolução da situação.

No plano das medidas dirigidas às empresas, o objetivo é o de manter a confiança em toda a comunidade empresarial e o de mitigar o impacto económico, garantindo que a generalidade das empresas sobrevive às dificuldades atuais e mantém a sua capacidade para impulsionar a recuperação quando as restrições forem levantadas.

Confio na determinação e discernimento do Governo português para que, com a resposta apropriada, o impacto seja temporário.

À semelhança do que está a ser feito um pouco por toda a Europa, foi já anunciado um leque alargado de medidas dirigidas às empresas, que deverá ainda ser detalhado por forma a ser implementado no terreno com a necessária urgência. É certo que algumas dessas medidas precisam de ser ajustadas, sobretudo na sua abrangência, mas são um primeiro passo positivo. O contacto com os representantes empresariais tem sido constante e construtivo e estão já previstas reuniões semanais com os parceiros sociais.

Também das autoridades europeias têm vindo sinais positivos. O Banco Central Europeu anunciou o lançamento de novos estímulos monetários e o alívio no cumprimento das exigências de rácios de capital por parte dos bancos, para assegurar a resposta às necessidades acrescidas de crédito à economia real.

Da Comissão Europeia vem a intenção (que deverá ser devidamente concretizada) de apoio financeiro, bem como de flexibilidade nas regras orçamentais e nas ajudas de Estado.

Nas autoridades públicas, como nas empresas, as palavras de ordem são: rapidez, flexibilidade, adaptabilidade.