O lastro que vinha de 2023 prolongou-se no primeiro trimestre. Mas as previsões para o ano inteiro apontam para a perda de velocidade da economia

O Barómetro CIP/ISEG relativo a abril estima para o primeiro trimestre um crescimento homólogo entre 1,7% e 2,1% do PIB, intervalo que corresponde a um crescimento em cadeia — de um trimestre para o seguinte — de 1,1% a 1,5%. Para esta evolução terá contribuído o crescimento da produção na indústria, na construção e nos serviços.

Na verdade, após a aceleração do crescimento registada no final de 2023, o Barómetro CIP/ISEG já identificara, no arranque do ano, uma clara evolução em diversos indicadores, apontando para “um impulso ascendente que poderá vir a estender-se ao trimestre”.

Esta tendência consolidou-se e permitiu fechar janeiro, fevereiro e março com boas notícias para a economia portuguesa. Na ótica da despesa, o contributo para esta evolução terá sido impulsionado, fundamentalmente, a partir da procura interna, apesar de a procura turística externa ter também continuado a crescer, embora moderadamente.

A par destas estimativas bastante favoráveis para o primeiro trimestre, o Barómetro CIP/ISEG reviu as suas projeções para o cômputo do ano, apontando agora para um crescimento entre 1,5% e 2,1%, em linha, embora no patamar mais baixo, com as previsões que constam do Plano de Estabilidade entregue pelo Governo (1,5%) e também com as estimativas do Banco de Portugal (2%), da OCDE (2,2%) e do FMI (1,7%).

Este intervalo pressupõe — 1,5% a 2,1% — que o crescimento em cadeia nos próximos trimestres ficará muito aquém do valor agora estimado para o início do ano. Ou seja, a surpresa registada no final de 2023 deu fôlego para os primeiros meses do ano, mas este impulso não parece sustentável.

Rafael Alves Rocha, director-geral da CIP: “Acabámos de ter seis meses melhores do que era esperado. No final de 2023,  não só evitámos a recessão como crescemos, em cadeia, 0,8% do PIB. Este lastro manteve-se nos primeiros três meses do ano, uma boa notícia a que se junta outra — a indústria deu sinais de recuperação, embora esta reação tenha de consolidar-se. Para o cômputo do ano, o cenário apresenta-se, no entanto, menos sorridente, o que significa que o Governo tem de concretizar o quanto antes as medidas do seu programa que se revelem capazes de estimular a economia e incentivar as empresas a investir. Os obstáculos estão identificados — 2024 tem de ser aproveitado em pleno.”

Consulte o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG de abril aqui.