Retoma da atividade económica está a ser lenta, com as empresas a registarem uma quebra nas vendas, mas também nas encomendas. Apesar das perspetivas negativas, maioria quer manter ou aumentar investimento e recursos humanos.

 

Quase dois terços das empresas portuguesa anteveem uma quebra de vendas de cerca de 40%, em média, no último quadrimestre deste ano, face a igual período de 2019, devido aos efeitos da pandemia de covid-19, conclui o inquérito promovido pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal e pelo Marketing FutureCast Lab do ISCTE, hoje divulgado (resultados disponíveis aqui).

O inquérito, destinado a recolher e analisar informação sobre as expectativas de empresários e gestores sobre a evolução da sua atividade, aponta que mais de metade das empresas (54%) inquiridas indicam que as vendas caíram no mês de agosto, registando descida, em média, superior a 40%, face a igual mês de 2019. Também as encomendas em carteira, no início de setembro, diminuíram 40%, em média, segundo dados de 56% das empresas inquiridas a que esta situação se aplica.

“Estes dados mostram bem que a retoma da economia não vai ser imediata, que as empresas estão fragilizadas e que é necessário um esforço conjunto para que consigamos ultrapassar esta situação”, afirmou o vice-presidente da CIP Armindo Monteiro, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados (vídeo disponível aqui).

“As empresas já estão a fazer um esforço enorme e, mesmo com estes indicadores de redução das vendas e da perspetiva da deterioração do negócio, pretendem investir e manter o emprego”, acrescentou.

O inquérito conclui que quatro em cada cinco empresas (79%) vão manter ou aumentar os seus recursos humanos nos últimos quatro meses deste ano, face a igual período de 2019. Conclui, também, que 61% das empresas contam manter ou aumentar o seu investimento no próximo ano, face ao concretizado em 2019.

Os empresários e gestores foram também questionados sobre as medidas de apoio à economia, no quadro da pandemia de covid-19, mantendo uma avaliação negativa, com 4 em cada 5 empresas a considerarem que estão aquém ou muito aquém do necessário.

No quadro dos apoios disponibilizados, o lay-off simplificado é visto como um mecanismo com uma influência significativas, mas o mecanismo que o substituiu não é visto da mesma forma, tendo só 17% das empresas inquiridas a ele recorrido, com 62% das empresas a considerarem que esta medida é inadequada, como a CIP tem vindo a alertar.

“Um terço das empresas não tem opinião formada sobre este novo mecanismo, o que posso interpretar como resultado da deficiente informação disponível”, afirmou Armindo Monteiro.

Este inquérito, cujos resultados foram hoje apresentados, iniciou uma segunda fase do Projeto Sinais Vitais, desenvolvido em conjunto pela CIP, através das associações que a integram, e pelo Marketing FutureCast Lab do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, com o objetivo de recolher informação atualizada sobre a posição dos responsáveis pelas empresas portuguesas e sobre o impacto que diferentes situações têm nestas, no quadro da situação de exceção provocada pela pandemia de covid-19.

Os inquéritos são feitos e divulgados regularmente e abordam temas considerados relevantes para a atividade empresarial, na atual situação de exceção, contribuindo para a existência de dados quantitativos fiáveis sobre a realidade das empresas, permitindo uma atuação dinâmica dos responsáveis políticos e do movimento associativo, a cada momento.