Só através do sucesso e dos resultados gerados as empresas poderão contribuir para a criação de valor e de emprego.
Leia aqui o artigo de opinião desta semana assinado por António Saraiva na sua coluna semanal do Dinheiro Vivo, ao sábado.
Publicado no Dinheiro Vivo, edição de 08.04.2017
“Comemoram-se este ano os 30 anos da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares.
Ao longo das três últimas décadas, em Portugal, a indústria agro-alimentar tem sabido responder aos desafios com que se tem deparado.
Funcionou, até à adesão à então Comunidade Europeia, num mercado protegido, com pouca concorrência e sem grandes exigências.
Funciona hoje num mercado aberto, observa a cada vez mais exigente legislação ambiental, introduziu sistemas evoluídos de garantia da qualidade e da segurança dos alimentos, certificou as suas empresas, apostou em novas tecnologias de produção e na diferenciação e qualidade dos produtos, adaptando-os aos gostos dos consumidores.
Tem-se internacionalizado, tem investido e atraído investimento, tem sabido aproveitar as suas especificidades e tem inovado.
Como este, muitos outros setores da nossa economia têm conseguido, num ambiente adverso e em constante mutação, modernizar-se e requalificar-se, alcançando um novo posicionamento na economia global. De alguns, como o têxtil ou o calçado, dizia-se que estariam condenados ao desaparecimento.
Como o conseguiram?
O mérito está, certamente, nas empresas que formam os nossos setores produtivos: empresas que tiveram a resiliência necessária para resistir, inovar e prosperar. Dentro delas, o mérito está nas pessoas que as formam: empresários e trabalhadores. Está também na forma como se conseguiram organizar.
Nesta linha, realço a importância da boa governação, que deve ser vista como um relevante fator de competitividade.
Em primeiro lugar, porque a boa governação empresarial tem como primeiro objetivo garantir, numa perspetiva de longo prazo, a sua perenidade e a manu-tenção e subsistência dos seus postos de trabalho.
Esta visão de governação tem também inerente uma dimensão social, porque só através do sucesso e dos resultados gerados as empresas poderão contribuir, de forma determinante, para a criação de valor e de emprego. E é esse o principal papel que lhes compete desempenhar na sociedade.
Em segundo lugar, uma boa governação – na medida em que faz agrupar os seus elementos à volta de uma ética e de uma conduta, contribuindo para a diferenciação de uma cultura empresarial – constitui um fator indiscutível de motivação generalizada que determina uma maior produtividade da empresa.
Todas as crises são ocasião de prova. Estou certo que, após a maior crise económica que Portugal conheceu nas últimas décadas, a generalidade das empresas que hoje constituem o nosso tecido produtivo soube dar provas de uma governação responsável.”