Os três derradeiros meses do ano terão conseguido resistir aos ventos contrários, embora por muito pouco. A boa notícia é que a procura externa melhorou.

A poucos dias de terminar o ano, o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG lança um último olhar ao trimestre ainda em curso. De acordo com os dados recolhidos, o país registou um crescimento em cadeia (de um trimestre para o outro) e evitou entrar em recessão — dois trimestres consecutivos com crescimento negativo.

Segundo esta previsão, o PIB voltou, portanto, a crescer em cadeia, embora o crescimento homólogo (comparação com o mesmo trimestre do ano passado) corra o risco de voltar a revelar uma desaceleração, o que tem um significado relevante.

De acordo com as previsões do Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG, o contributo da procura externa líquida voltará a ser positivo — ao contrário do que aconteceu nos meses de verão —, o que é seguramente uma boa notícia para as empresas exportadoras e para a economia nacional. Ainda assim, o principal impulsionador do crescimento do PIB no quarto trimestre deverá ter sido o crescimento do consumo privado.

Deste modo, o valor apontado para o crescimento no cômputo de 2023 é de 2,2% do PIB, o que pressupõe um crescimento em cadeia no quarto trimestre de, pelo menos, 0,2%, depois de uma queda de 0,2% no terceiro trimestre.

O Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG inclui já uma projeção para o crescimento económico em 2024, situando-o num intervalo entre 1% e 2%, ou, considerando um valor central, em torno de 1,5%. São identificados dois riscos: crescimento na zona Euro inferior à mais recente previsão da Comissão Europeia, que o situava em 1,2%; e a não resolução rápida da atual crise política em Portugal, que ameaça ter um impacto negativo na atividade económica.

Armindo Monteiro, presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal: «A travagem económica é evidente, apesar de, provavelmente, o país ter evitado entrar em recessão. Ainda assim, o crescimento neste último trimestre do ano está a ser fraco e antecipa um 2024 de ainda mais travagem e muita incerteza. Mais do que nunca, os partidos políticos têm o dever de compreender a situação espinhosa e agir à altura das circunstâncias. A economia não pode parar. Cada hesitação e adiamento terá um preço a pagar.»

Consulte o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG de dezembro aqui.