“As energias renováveis são um setor chave para a recuperação económica”

A Associação Portuguesa das Energias Renováveis (APREN) associou-se recentemente à CIP. Pedro Amaral Jorge, Presidente da APREN, explica quais são os principais desafios do setor e sublinha que a área das Energias Renováveis terá um papel importante na recuperação da economia portuguesa.

1,6% do PIB. É este o peso que o setor das energias renováveis tem na economia portuguesa. Mas a relevância deste setor pode mais do que duplicar durante a próxima década. Segundo os dados da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), em 2030 o setor poderá representar até 4,5% do PIB português.

As metas europeias no combate às alterações climáticas e o compromisso político assumido para atingir a neutralidade carbónica da economia portuguesa até 2050 são fatores-chave que determinam o protagonismo e o dinamismo que este setor vai continuar a desempenhar na economia durante as próximas décadas.

No entanto, e apesar do potencial de crescimento que o setor apresenta, há desafios que deverão ser ultrapassados no curto-médio prazo. Pedro Amaral Jorge, Presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, explica: “Estes desafios são de índole variada, consistindo não só em restrições técnicas para expansão do setor, como em barreiras regulatórias que têm surgido, pela não adequação de legislação existente à rápida evolução e às novas tendências do setor e diretrizes europeias. Neste sentido, podemos repartir os desafios em quatro grandes níveis: estabilidade financeira; simplificação do processo de licenciamento; adequação da rede elétrica e reforço das interligações; linhas de combate à pandemia COVID-19”.

 

Como superar a crise económica provocada pela pandemia

Sobre os efeitos da pandemia no setor, Pedro Amaral Jorge refere que o confinamento e as medidas excecionais tomadas para combater a COVID-19 resultaram numa “paragem total dos prazos e procedimentos administrativos do setor, o que tem gerado os expectáveis constrangimentos às empresas com projetos em desenvolvimento”.  Uma situação que, segundo o presidente da APREN “veio gerar instabilidade no setor, incluindo ao nível do financiamento dos projetos e toda a cadeia de valor de fornecimentos de equipamentos, materiais e serviços”.

Mas não são apenas os efeitos da pandemia no setor das energias renováveis que preocupam a APREN: o impacto do novo coronavírus na economia nacional é também uma fonte de preocupação e exige o desenho de um plano de ação estratégico. Pedro Amaral Jorge avança com algumas pistas do que poderá ser feito. “O cenário é alarmante e por essa razão Portugal deverá delinear um plano de ação estratégico para recuperação, crescimento e desenvolvimento da economia e aproveitar o potencial do país no setor da eletricidade renovável como agente diferenciador do tecido empresarial e da indústria nacional”.

Neste sentido, o presidente da APREN relembra os resultados de um estudo realizado pela Deloitte em parceria com a associação, em setembro de 2019, que concluiu que a implementação do Plano Nacional Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) com as metas atuais, conduziria a significativos ganhos em termos de contribuição para o PIB, geração de emprego, receitas fiscais e significativa redução de emissões de carbono. “É, portanto, inevitável a contínua aposta neste setor, num curto, médio e longo prazo para garantir uma evolução positiva e sustentada da economia portuguesa”, conclui Pedro Amaral Jorge, sublinhando: “O setor renovável é um setor chave para a recuperação económica e que poderá servir como agente diferenciador do tecido empresarial nacional, atraindo investimento e gerando emprego”.

 

APREN e CIP: As mais-valias de uma parceria

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis é uma das mais recentes associadas da CIP. Pedro Amaral Jorge justifica esta adesão não só pelo alinhamento da missão da APREN com a missão da CIP, mas também no reconhecimento do papel que a CIP tem na defesa de um tecido empresarial forte.

“Agora mais que nunca e tendo como pano de fundo a promoção de um tecido empresarial competitivo, a APREN vê na CIP um importante parceiro para amplificar a sua voz na defesa do setor renovável e no desbloqueio do potencial do setor para a geração de riqueza para o País, junto das principais instituições políticas, económicas e sociais de Portugal”. O presidente da APREN adianta ainda: “A transição energética é universal a todos os setores empresariais e deverá ser adereçada de um ponto de vista estratégico para relançar a Economia Portuguesa e colocar o País no pelotão da frente dos países europeus rumo a uma economia de baixo carbono”.

 

*Artigo publicado na Revista Indústria nº 124, 2º trimestre 2020
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