por Pedro Mota Soares, Vice-Presidente do Conselho Geral da CIP
Publicado na Revista Indústria nº 123, 1º trimestre 2020

Nenhum de nós sabe o que vai ser o verdadeiro efeito da pandemia do Coronavírus Covid19 na nossa economia e na nossa vida em sociedade. Acredito na resiliência dos nossos empresários, na qualidade dos nossos recursos humanos, na capacidade de empreender e de ultrapassar dificuldades que temos em Portugal.

Não será a primeira vez que enfrentamos tempos de tormenta e dificuldade. Mas também sei que não basta acreditar.

Vai ser preciso apoiar as empresas, vai ser preciso saber ouvir os agentes económicos, vai ser preciso ir muito longe para garantir liquidez a quem mantém a economia a funcionar.

As autoridades europeias e as autoridades nacionais têm de estar dispostas a ir onde nunca foram, porque na verdade nunca tivemos uma situação como esta, especialmente numa economia tão globalizada. A resiliência da economia também vai depender da capacidade de inovação, de digitalização, de reforma que conseguirmos todos em conjunto produzir. E durante esta emergência nacional as empresas têm demonstrado que estão preparadas para o desafio da transformação rápida e forte.

Mas não vai depender só dos privados. O Estado vai ter de cumprir a sua parte. Ver a transição para uma economia digital pelos olhos de quem a está a realizar; discutir a sério na Comissão Permanente de Concertação Social; ter um Estado que confia e apoia a agilidade dos agentes económicos; considerar a liberdade de exercício económico sem preconceitos; perceber que o desagravamento fiscal é um dos mais importantes apoios económicos que se pode conceder, vai ser vital.

O nosso mundo mudou. Intervir para debelar esta crise é essencial para salvar postos de trabalho, empresas portuguesas e evitar uma recessão dura e prolongada vai fazer parte dessa mudança. As empresas e os trabalhadores em Portugal estão a fazer tudo o que está ao seu alcance. Nesta luta, o Estado não pode ficar para trás.