Oito meses depois do primeiro embate provocado pela Covid-19, Portugal já começou a sofrer o segundo choque económico e financeiro. Este segundo choque será mais longo, violento e profundo. Na primeira fase da pandemia, o aumento do desemprego e das falências atingiu milhares de empresas e de trabalhadores. Alguns sectores e pessoas aguentaram, embora fragilizados; infelizmente, muitos sucumbiram. Nesta segunda fase da pandemia, os efeitos serão ainda mais graves e ameaçam como nunca o coração produtivo do país e, portanto, a coesão social da nossa democracia.

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal considera que a defesa da saúde pública é uma obrigação fundamental do Estado. Devem ser feitos os melhores esforços para garantir a proteção e o tratamento de todos os cidadãos em todas as partes do território nacional, seja através dos sistemas de saúde público, privado ou social. Hoje, no entanto, cumpre-nos fazer um alerta sem precedentes.

O conjunto de medidas que o Governo irá adotar para responder ao vírus deve ter em conta o impacto económico e financeiro dessas decisões na vida das empresas e na manutenção dos postos de trabalho. É nossa convicção de que a defesa da saúde pública deve sempre coexistir com a proteção da atividade económica. Como é sabido, a paralisação do país durante a primeira fase da pandemia seguiu um padrão excessivo que foi comum em quase toda a Europa. As consequências estão à vista de todos e tiveram também um significativo impacto negativo nas contas do Estado.

Por tudo isto, a CIP apela ao Governo para que aplique apenas medidas cirúrgicas e nunca, em caso algum, limitações e constrangimentos gerais, genéricos e de duração imprevisível que afetam, num só golpe e de forma imediata, a confiança das pessoas e das empresas na economia.

Asfixiar as empresas com um contexto fortemente limitativo da sua atividade causará mais desemprego e mais falências, muitas delas irrecuperáveis ou de efeitos duradouros.

Os micro negócios, as PME e as grandes empresas do nosso país têm noção de como é imperioso respeitar todas as normas de segurança decididas pela Direção-Geral de Saúde e estão empenhadas diariamente na execução dessas obrigações de saúde pública. Saiba e queira o Governo avaliar esta capacidade para evitar o estrangulamento da economia portuguesa.

“Na segunda fase da pandemia é imperioso que o Governo não asfixie as empresas com a imposição excessiva de medidas que limitem fortemente a atividade económica do país, como aconteceu durante a primeira vaga”, afirma o presidente da CIP, António Saraiva.

“É fundamental que amanhã, sábado, o Conselho de Ministros saiba calibrar as regras de modo a proteger a saúde pública sem, no entanto, desvalorizar a proteção do emprego dos portugueses, sob pena de serem causados danos irreversíveis para o nosso país”, acrescenta.