O investimento direto estrangeiro caiu 66% na UE em 2021, em comparação com 2019. No mesmo período, nos EUA esse investimento aumentou 63%. Os presidentes das federações empresariais europeias defendem uma abordagem estratégica urgente da presidência espanhola, que começa daqui a um mês.

Os Presidentes das federações empresariais de 35 países europeus reúnem-se em Madrid – hoje, 1 de junho, e amanhã –. Sobre a mesa estão temas como a perda de competitividade e a burocracia europeia. Apresentaram a Nadia Calviño, Vice-Primeira-Ministra de Espanha, a “Declaração de Madrid”, com as prioridades das empresas europeias para a Presidência Espanhola do Conselho da UE, que terá início a 1 de julho. As prioridades vão ser também apresentadas ao Vice-Presidente da Comissão Europeia, Maragritis Schinas, com quem vai ser debatida a estratégia europeia para a competitividade.

A Declaração de Madrid alerta para a necessidade de ação urgente da União Europeia em cinco áreas:

  1. Reduzir a excessiva carga regulamentar;
  2. Aprofundar o mercado interno e assegurar condições de concorrência equitativa;
  3. Assegurar o abastecimento de energia a preços competitivos;
  4. Resolver o défice de competências, promover a inovação e apoiar reformas para aumentar a produtividade;
  5. Criar oportunidades no mercado internacional para as empresas europeias.

Os presidentes das federações empresariais europeias defendem uma abordagem estratégica centrada no aumento da competitividade, para que a União Europeia seja atrativa para o investimento no contexto internacional e inverta a tendência dos últimos anos. O investimento direto estrangeiro (IDE) na UE caiu 66% em 2021 face a 2019 (pré-covid), dados que contrastam com os dos EUA, onde houve   um aumento do IDE nos EUA de 63% no mesmo período. Uma indústria europeia com capacidade para investir e inovar é a única via para que se cumpram as ambições do pacto ecológico e alcançar, simultaneamente, progresso económico e social.

“A perda de competitividade da UE é gritante. As empresas afundam-se em encargos legislativos, com 502 novas obrigações europeias dirigidas às empresas entre 2017 e 2022, que representam 3670 páginas de regulamentação. A isto acrescem os preços de energia, muito superiores aos dos EUA, situação que não se deverá corrigir no curto prazo: as cotações dos mercados futuros são, para o verão de 2025, 4 vezes superiores ao período pré-covid na UE e 2 vezes superiores nos EUA. Dado este contexto, temos de perceber que a deslocalização é uma realidade que já está em curso, e isto trará sérias consequências para a economia europeia, e com impactos prolongados, dado que uma vez tomada a decisão de deslocalizar, o processo não é facilmente reversível.” alerta Armindo Monteiro, Presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

O Presidente da BusinessEurope, Frederik Persson, disse: “A queda dos preços da energia durante o Inverno ameno ajudou a afastar a economia da UE da recessão, mas alguns países estão em recessão e a situação continua a ser difícil para muitas empresas. Prevemos que o crescimento atinja apenas 0,7% na UE em 2023 e 1,6% em 2024, desde que não se concretizem os riscos negativos, como a continuação da instabilidade geopolítica.

Ao orientar as negociações sobre as políticas da UE, a Presidência espanhola deve promover uma abordagem estratégica da competitividade, ajudar a reduzir a carga regulamentar para as empresas, aprofundar a integração do mercado único e garantir o aprovisionamento energético a preços competitivos.

É fundamental aprofundar as parcerias de comércio internacional, por forma a aumentar e diversificar as fontes de abastecimento de matérias-primas críticas estratégicas e os mercados de exportação. Apoiamos plenamente a intenção da próxima Presidência espanhola em dar um novo impulso à conclusão e ratificação de acordos comerciais com o Chile, o México e o Mercosul.”

O Presidente da CEOE, Antonio Garamendi, disse: “Precisamos de empresas competitivas para reforçar a posição global da Europa, a sua capacidade de defender os nossos valores, garantir elevados padrões de vida e concretizar as transições ecológica e digital. Estamos confiantes de que a próxima Presidência espanhola da UE se baseará no trabalho iniciado no início deste ano para lançar uma ambiciosa estratégia europeia de competitividade.”

Foto: Twitter BusinessEurope