Mais de dois terços empresas portuguesas (68%) esperam uma quebra de vendas da ordem de 40%, em média, até ao final do ano, face a igual período de 2019, conclui o inquérito promovido pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal e pelo Marketing FutureCast Lab do ISCTE, hoje divulgado.

Resultados do inquérito disponíveis aqui.

As vendas, em outubro, caíram para 61% das empresas e mais de três em cada cinco empresas (62%) indicaram que as encomendas em carteira estavam, já no início deste mês, abaixo do registado no ano passado, com uma quebra média da ordem dos 45%, o que é preocupante, porque a quebra de encomendas vai traduzir-se, no futuro, numa descida das vendas.

“Estes dados indicam a gravidade da crise que já estamos a viver e a perspetiva pessimista que temos pela frente, se não formos capazes de criar o enquadramento necessário à proteção do emprego e da capacidade do tecido económico”, afirmou o vice-presidente da CIP Óscar Gaspar, durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados do inquérito.

No entanto, apesar da expectativa de agravamento da tendência de quebra de vendas, 79% das empresas sinalizam que querem manter ou reforçar o seu quadro de colaboradores, o que traduz um esforço apreciável.

Mais de metade dos inquiridos (54%) manifesta a intenção de manter ou aumentar o investimento, o que é positivo, embora traduzindo uma degradação face ao verificado há um mês.

“As empresas estão a fazer um esforço, mas também é necessário que sejam apoiadas, como a CIP tem proposto, para conseguirem ultrapassar a crise provocada pela covid-19 e contribuírem para a recuperação”, disse Óscar Gaspar.

“Temos de ter a consciência de que as empresas não necessitam de mais dívida, porque isso vai afoga-las, precisam, sim de capitalização”, acrescentou.

O inquérito, que é desenvolvido com a participação ativa das associações empresariais que integram a CIP, indica que a avaliação que os empresários e gestores fazem dos apoios do Estado mantém-se negativa e agravou-se, com mais do que quatro em cada cinco gestores e empresários a considerarem que estão aquém ou muito aquém do necessário, numa altura em que está a ser discutido na Assembleia da República o orçamento do Estado para 2021, cuja proposta foi classificada pela CIP como uma “desilusão”,  pelo défice de apoio ao desenvolvimento da economia.