por António Saraiva, Presidente da CIP
Publicado no Dinheiro Vivo a 03.12.2022

Participei, em Estocolmo, no Conselho de Presidentes da BusinessEurope, que reuniu os líderes das confederações de empregadores de toda a Europa. O pano de fundo foi a convicção de que a Europa necessita urgentemente de uma estratégia global de competitividade. Como afirmei, sem empresas – sem empresas competitivas – não existe transição digital nem verde. Mas este simples facto parece ter vindo a ser esquecido.

Traduzindo esta necessidade para o momento atual, a principal mensagem da BusinessEurope, sintetizada pelo seu presidente, Frederik Persson, foi a de que as empresas europeias precisam de medidas de emergência em matéria de energia e de um alívio da carga regulatória.

No imediato, os principais riscos que colocam em perigo a competitividade e o crescimento sustentável da União Europeia decorrem da escalada dos custos energéticos. Foi constatado que os preços médios anuais do gás para os consumidores industriais da União Europeia aumentaram duas vezes mais do que os que vigoram para os consumidores domésticos e são muito mais altos do que noutras partes do mundo (cinco a sete vezes superiores aos praticados nos Estados Unidos, por exemplo). Precisamos urgentemente de uma solução transformadora para mitigar os efeitos do disparo dos preços da energia. Esta mensagem foi reforçada com um forte apelo à unidade com vista a uma ação ao nível europeu: “Não deixaremos que as forças da divisão e do individualismo vençam a necessidade de colaboração e solidariedade europeias.”

Ao mesmo tempo, é preciso garantir que a Europa seja um local atrativo para a atividade empresarial. De facto, a crise atual está a exacerbar dramaticamente os riscos de desindustrialização, com muitas empresas a realocar parcial ou totalmente a sua produção para fora da Europa. Precisamos, por isso, de aliviar os pesados encargos regulatórios e parar o verdadeiro tsunami de legislação que cria incertezas e limita a capacidade de ação das empresas. Para conseguir estes objetivos, a avaliação dos impactos das políticas na competitividade internacional é mais importante do que nunca.

Foi também realçada a importância do bom funcionamento do mercado único, base da nossa competitividade. Por outro lado, uma política comercial aberta e baseada em regras é uma parte essencial da atratividade da Europa. Por isso, a conclusão e ratificação de acordos comerciais é fundamental, se quisermos mitigar riscos e diversificar os mercados de exportação e as fontes de abastecimento.

Finalmente, foi destacada a importância de acelerar a transição digital e de facilitar a inovação, para permitir que a União Europeia tire partido do desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado.

São estas as necessidades a curto prazo e os desafios a mais longo prazo que constam da Declaração de Estocolmo. Uma declaração em nome das empresas europeias, dirigida à próxima Presidência do Conselho da União Europeia, que será exercida pela Suécia, sempre na perspetiva da melhoria da competitividade da Europa.