Conselho da Saúde da CIP cria campanha digital – “Não Espere. Defenda a sua Vida” – na qual convida a sociedade a refletir sobre a atenção que dedicamos à Saúde em tempo de pandemia.

Portugal está, desde março, unido no combate à Covid-19. Numa primeira fase o país interrompeu de forma programada os cuidados assistenciais de saúde por forma a garantir a resposta aos doentes Covid-19 e para preservar a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Deste então, a plena prestação de Cuidados de Saúde parou. As necessidades de saúde das pessoas com doença não estão a ser atendidas e é urgente regressar à normalidade da Saúde, com os devidos cuidados inerentes às exigências da Covid-19, para não deixar ninguém para trás.

Neste contexto, o Conselho Estratégico Nacional da Saúde da CIP apresenta no dia 1 de outubro a campanha “Não Espere. Defenda a sua Vida”. A campanha com presença digital – www.naoespere.pt e nas redes sociais – sensibiliza a população para a importância de, em caso de doença, procurar sempre aconselhamento e ajuda junto dos serviços de saúde.
Para isso, apela a uma corresponsabilização da sociedade. É importante continuar a comparecer nas consultas e nos exames previamente marcados, é fundamental garantir a continuidade dos tratamentos em curso e importa cumprir as boas práticas de saúde pública, respeitando as medidas de etiqueta respiratória e de higienização e cumprindo a distância social de segurança.

Simultaneamente, a campanha convida à participação da sociedade civil, apelando aos cidadãos que partilhem os seus testemunhos através da plataforma do projeto e do hashtag #nãoespere.
Assistimos a uma distorção da essência dos Cuidados de Saúde sem precedentes, com consequências negativas evidentes: exclusão de pessoas do Sistema de Saúde em resultado do adiamento unilateral de atos médicos e de exame sem remarcação, doentes graves privados de Cuidados por receio de acederem a unidades de saúde, progressão de doença por eventuais diagnósticos e tratamentos tardios, doentes crónicos em descompensação e consequente aumento do número de casos de mortalidade evitável.
Ao mesmo tempo, assistimos a uma crescente desumanização dos Cuidados de Saúde em resultado do desincentivo à presença de acompanhantes durante os atos médicos e à restrição de visitas durante o internamento.

Naturalmente o controlo da progressão da Covid-19 e o acompanhamento e tratamento destes doentes devem continuar a merecer toda a atenção e cuidado. No entanto, sete meses volvidos, importa tomar medidas urgentes por forma a retomar a atividade de cuidados assistenciais de saúde junto de todos os doentes.

Este desígnio coletivo, de uma exigência sem paralelo, obriga a uma resposta integrada, só possível de cumprir através de um aproveitamento total de recursos e de uma articulação plena entre os sectores público, privado, social e cooperativo da área da Saúde.

O adiamento da retoma da plena atividade assistencial da saúde, associado ao cenário pandémico, terá consequências dramáticas para muitos doentes e para as suas famílias, terá um custo em termos de sofrimento e vidas humanas e conduzirá à degradação dos Cuidados de Saúde em Portugal.