por António Saraiva, Presidente da CIP
Publicado no Dinheiro Vivo a 18.03.2023

A conferência organizada segunda-feira pela Porto Business School, em parceria com a CIP, foi uma excelente oportunidade para discutir numa perspetiva muito alargada o Futuro do Crescimento. Reuniu um leque diversificado de personalidades para, em conjunto, refletir sobre a interação entre pessoas, tecnologia e economia como determinante não só para o crescimento a que aspiramos, mas também noutros aspetos fundamentais, como o grande desafio de uma transformação do trabalho que não deixe ninguém para trás.
Como evitar o fosso entre as pessoas e uma tecnologia que evolui a uma velocidade exponencial? As respostas partiram da alegoria com o surfista que, deparando-se com uma onda que não controla, pode ignorá-la, sendo inevitavelmente submerso, ou aproveitá-la para chegar a um destino mais distante.

De facto, como foi dito, é preciso vencer a inércia que frequentemente persiste nas empresas quanto à utilização de novas ferramentas tecnológicas. Ferramentas que permitem libertar as pessoas para atividades mais criativas, transformar modelos de negócio, melhorar o relacionamento com os clientes, decidir em tempo real com base no conhecimento acumulado no mundo; em suma, criar mais valor para as empresas de todas as dimensões.
Uma vez que o elemento humano é a maior barreira à adoção de novas tecnologias, foram apontados três pilares desbloqueadores do envolvimento das pessoas, a começar pelas lideranças empresariais: flexibilidade cognitiva, inteligência relacional e uma atitude mental favorável ao crescimento (o designado growth mindset).

Estas são competências fundamentais a valorizar e cultivar, tanto no interior das empresas como nas escolas e universidades, que têm de preparar os alunos para um mundo em mudança acelerada.

Sendo certo que a tecnologia deve estar ao serviço do talento das pessoas, esteve presente a necessidade de, por um lado, apostar na requalificação de recursos humanos, que tem de ser devidamente planeada, e, por outro, recorrer ao talento que já existe dentro das empresas e prepará-lo para lidar com as mudanças. Foi dito, a este propósito, que a grande riqueza dos recursos humanos, principal ativo das empresas, deve ser gerida de forma mais estratégica, a partir das lideranças e da identificação das competências em falta. A estratégia deve ser, pois, a da combinação do talento interno com a atração de pessoas exteriores à organização.

Não foi esquecida, nesta conferência, a importância da dimensão económica. Colocar a tecnologia ao serviço da criação de mais valor para as empresas pressupõe não só a disponibilidade de pessoas dotadas das competências adequadas mas também forte capacidade de investimento. Para tal, foram apontadas como essenciais as condições de financiamento e a redução dos custos de contexto, tanto no que se refere à tributação que recai sobre as empresas como à complexidade regulamentar administrativa

Além disso, a par da aposta na inovação tecnológica, é preciso ultrapassar uma realidade empresarial muito fragmentada e pouco voltada para as oportunidades do mercado externo: inovação, dimensão e internacionalização foram identificadas como três grandes objetivos para o Futuro do Crescimento.