“O Estado tem o dever, tem a obrigação de assumir plenamente a sua responsabilidade de decidir e fazer, em vez de suspender e adiar. A economia do país não pode parar”, vincou Armindo Monteiro

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) criticou o atraso na execução do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), considerando que “seria um erro indesculpável” desperdiçar aquele que classificou como o “principal instrumento” para relançamento da economia.

Numa mensagem vídeo transmitida no início do Fórum Regional da Indústria, que hoje decorreu em Barcelos, Armindo Monteiro disse ainda que “não se compreende porque é que efetivamente há este atraso tão, tão forte” na aplicação das verbas do PRR.

“Esta introdução do PRR tem de ser efetivamente acelerada, ultrapassando os atrasos e os imensos bloqueios que temos vindo a testemunhar”, apelou, lembrando que aquele é “o principal instrumento para recuperar a economia” depois da pandemia”.

Para o presidente da CIP, o Governo, mesmo estando de saída, fruto da anunciada dissolução da Assembleia da República e da consequente marcação de eleições antecipadas, “não pode ficar parado”.

“O Estado tem o dever, tem a obrigação de assumir plenamente a sua responsabilidade de decidir e fazer, em vez de suspender e adiar. A economia do país não pode parar”, vincou.

Armindo Monteiro lembrou que Portugal vive “um período de enorme incerteza” política e económica, uma “dupla crise” que “encontra Portugal em plena contração económica”, com o PIB a cair em dois trimestres consecutivos e com uma previsão de crescimento “muito modesta” para 2024.

“Além disso, a crise que atravessamos ameaça prolongar-se e agravar claramente estas dificuldades”, acrescentou.

Por isso, reiterou, as empresas “precisam de respostas”.

“A situação ameaça tornar-se muito grave para as empresas e, naturalmente, ser grave para as empresas é grave para o país.

Obviamente, desperdiçar o PRR seria um erro indesculpável, com graves consequências”, disse ainda.

Também na sessão de abertura do fórum, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Barcelos, João Albuquerque, aludiu igualmente à instabilidade económica, social e política do país para apelar ao trabalho em conjunto dos empresários para ultrapassar a crise.

Albuquerque defendeu mesmo a necessidade de um plano de desenvolvimento regional para o setor têxtil, garantindo que a ideia “foi bem acolhida” por parte dos ministros da Economia e da Coesão Territorial.

“A ideia é que haja uma visão territorial com recursos financeiros alocados e com um plano no qual participemos todos”, explicou, adiantando que serão necessárias “algumas centenas de milhões de euros”.

Uma das medidas que defendeu é uma ligação ferroviária direta entre os quatro municípios do chamado Quadrilátero Urbano (Braga, Barcelos, Guimarães e Vila Nova de Famalicão).