A CIP – Confederação Empresarial de Portugal enviou uma carta ao Primeiro-Ministro António Costa e à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, juntamente com um documento com as prioridades das empresas portuguesas para a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, sublinhando a urgência de os fundos do plano de recuperação europeu serem canalizados para a economia real o mais rapidamente possível.

Na carta de apresentação do documento, o Presidente da CIP defende que as empresas devem ser colocadas no centro da recuperação económica, depois de terem assumido uma grande responsabilidade ao conseguirem manter amplamente o emprego durante a pandemia e de terem demonstrado criatividade e flexibilidade para se adaptarem.

“Contudo, muitas empresas colapsaram e uma grande parte está a esgotar as reservas disponíveis para se manterem em funcionamento”, refere António Saraiva, acrescentando que “os apoios públicos, até ao momento, têm conseguido mitigar dificuldades e conter o aumento do desemprego. No entanto, são manifestamente insuficientes, no contexto de uma crise avassaladora que se arrasta há largos meses”.

Para o Presidente da CIP, nem tudo se resume a matérias de ordem financeira. Também é urgente libertar as empresas de custos desnecessários, eliminar barreiras existentes no mercado único, e assegurar condições equitativas no acesso aos mercados.

“É importante, também, adequar as nossas ambições à nova realidade. Devemos certamente avançar com a dupla transição climática e digital, dado que são a resposta para o nosso crescimento no médio e longo prazo. Contudo, os objetivos não poderão ser alcançados no imediato, pelo que temos de lidar com as necessidades e a realidade económica atuais”, refere.

Considera, também, Europa deve continuar a impulsionar o livre comércio internacional, “com uma ambiciosa agenda de negociações, lutando contra o protecionismo”.

Para isso, exorta à concretização dos acordos comerciais existentes e a ratificação dos acordos já celebrados, como o do Mercosul, ao aprofundamento das relações UE-África e ao relançamento da agenda transatlântica.

“A pandemia alertou para as fragilidades do sistema devido a uma rigidez exagerada que caracterizou as cadeias globais de valor e evidenciou as dependências excessivas em determinados setores ou em relação a determinados países. No seu esforço para garantir a autonomia estratégica, a Europa não deve fechar-se. Precisamos ter empresas que possam liderar em áreas ditas estratégicas, mas esse processo deve ser conduzido por forças de mercado e não predeterminado por governos”, finaliza.

No documento, é sublinhado o apoio às prioridades definidas para a Presidência portuguesa de uma Europa resiliente, social, verde, digital e global, e são apresentadas recomendações sobre como atingir esses objetivos.