O primeiro trimestre do ano aproveitou o impulso dos últimos meses de 2023, mas ficou ligeiramente aquém do esperado. Ainda assim, mantêm-se as previsões para este ano.

 O Barómetro CIP/ISEG de maio reconhece que o valor avançado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) para o crescimento homólogo do PIB no primeiro trimestre – 1,4% – ficou um pouco abaixo das expectativas, tendo em conta a evolução dos indicadores analisados. Ainda assim, para a totalidade de 2024 continua a manter-se a expectativa de que o crescimento da economia portuguesa irá situar-se no intervalo de 1,5% a 2,1% do PIB, sobretudo com origem na procura interna, com especial relevo para a contribuição do consumo privado. A evolução do investimento é, no entanto, mais incerta.

Relativamente ao segundo trimestre, os dados disponíveis são ainda muito escassos para permitir uma leitura segura, mas não comprometem a tendência positiva que se começou a verificar no último trimestre do ano passado e que influenciaram positivamente o arranque do ano. Os sinais mais favoráveis surgem do indicador de confiança dos consumidores e também dos aumentos registados em abril na produção automóvel e energia elétrica.

Recorde-se que o intervalo de crescimento previsto para 2024 — uma evolução de 1,5% a 2,1% do PIB, — pressupõe que o crescimento em cadeia nos próximos trimestres ficará muito aquém do valor verificado pelo INE para o início do ano. Ou seja, o crescimento surpresa registado no final de 2023 — vale a pena sublinhar que o risco de recessão estava sobre a mesa —, deu fôlego aos primeiros meses do ano, mas este impulso não parece, pelo menos para já, sustentável.

Rafael Alves Rocha, diretor-geral da CIP — Confederação Empresarial de Portugal: «A atividade económica nacional está claramente a precisar de um novo impulso capaz de inverter a perda de velocidade em curso. O primeiro trimestre ainda beneficiou dos bons resultados do final do ano, mas é fundamental aproveitar este empurrão para atingir as melhores previsões para o ano e até ultrapassá-las. A redução do IRS, a desejada baixa do IRC, a decisão sobre a localização do aeroporto e as negociações para pôr fim à elevada conflitualidade na administração pública vão no sentido correto, mas é fundamental melhorar o contexto em que as empresas trabalham de modo a aumentar o investimento privado, refém do clima de incerteza que atravessamos.»

Consulte o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG de maio aqui.