Mobilizar os associados, independentemente da sua dimensão e área de atividade, em torno de uma ação coletiva que leve à descarbonização das atividades do setor até 2040 é o objetivo central do Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição, uma iniciativa promovida pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).

Esta iniciativa, apresentada ao público no dia 13 de outubro no Centro Cultural de Belém, é um novo passo do setor no domínio da sustentabilidade e ação climática e pretende ser uma referência, de base voluntária, que leve as empresas associadas a integrarem compromissos na sua estratégia de negócio para que, de forma coletiva, contribuam para a redução da pegada de carbono do setor.

O Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição, elaborado em colaboração com a PwC, espelha a vontade deste setor em ser ativo na resposta aos desafios climáticos. “Somos um setor que está na linha da frente nesta ação coletiva, que quer deixar um futuro às próximas gerações e que está ciente dos complexos desafios que a urgência climática nos coloca. Desempenhamos um papel central na cadeia de valor e temos uma responsabilidade acrescida de dar o exemplo no domínio da sustentabilidade. Por isso, entendemos ser o momento certo para dar um novo passo neste domínio, materializado num plano de ação concreto, como é este Roteiro”, afirma Isabel Barros, presidente da APED.

Ao longo dos últimos 10 anos, os associados da APED têm implementado medidas que promovem a descarbonização da economia, nomeadamente medidas de ecoeficiência, que permitiram uma redução de 30% no consumo de eletricidade por metro quadrado de área de venda, o investimento do setor na produção própria de energia renovável, o fomento da mobilidade sustentável e a adoção de modelos circulares de produtos e serviços, com enfoque em práticas de ecodesign e de gestão de resíduos.

“Ao histórico que temos de boas práticas sustentáveis juntamos agora um apelo a uma ação coletiva assente numa plataforma clara e objetiva, que analisou tendências, identificou as melhores práticas e permitiu chegar a um diagnóstico para definir eixos de atuação e compromissos. O Roteiro para a Descarbonização não é um fim em si mesmo, mas sim o início de uma jornada colaborativa, à qual se juntarão ainda mais empresas do setor”, conclui a presidente da APED.

Carta de Princípios é trave-mestra do Roteiro para a Descarbonização

A adesão à Carta de Princípios constitui o primeiro passo a cumprir por todas as empresas que queiram integrar o Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição. Os princípios que suportam este documento são:

Visão (Alinhar os objetivos e compromissos do Roteiro com os objetivos estratégicos da empresa no curto, médio e longo prazo, no sentido de definir uma ambição comum partilhada ao longo da cadeia de valor);

Ação (Implementar medidas focadas na execução dos compromissos de descarbonização, medir e monitorizar o desempenho da atividade da empresa e progresso anual, visando a redução das emissões de GEE nas próprias operações e, sempre que possível, ao longo da cadeia de valor);

Responsabilidade (Adotar os compromissos assumidos na Carta de Princípios, nos prazos estabelecidos pelo Roteiro, garantindo que são implementadas as medidas necessárias para atingir os objetivos: comunicar atempadamente a informação solicitada para monitorização anual da APED);

Colaboração (Fomentar a partilha de conhecimento e o trabalho conjunto com a APED, cooperando com as empresas signatárias da presente carta).

A adesão é voluntária e pressupõe a execução dos compromissos mínimos listados para a Descarbonização do Setor da Distribuição, de acordo com a dimensão da empresa. Dos 39 compromissos do Roteiro abrangidos pela Carta de Princípios, as empresas deverão assumir um pacote de compromissos mínimos. Para Pequenas e Médias Empresas (PME) são 10 compromissos mínimos. Para as restantes empresas são considerados 7 compromissos adicionais, totalizando 17 compromissos mínimos. Os restantes compromissos são voluntários, cabendo às empresas selecionar um conjunto dos mesmos, alinhados com as oportunidades da empresa e a sua ambição.

Os compromissos do Roteiro deverão ser assumidos nos prazos definidos: curto prazo (2025), médio prazo (2030) e longo prazo (2040). A calendarização definida para cada um dos compromissos estabelece o prazo limite no qual as empresas deverão assumir os compromissos, cabendo a cada empresa signatária integrar essa calendarização no seu plano de ação.

A APED assume-se como parceira neste caminho para a descarbonização, fornecendo às empresas aderentes um guião de tecnologias e boas práticas, uma ferramenta de cálculo das emissões de âmbito 1 e 2 e de autodiagnóstico das emissões do tipo 3 e uma ferramenta de diagnóstico individual, que tem por objetivo monitorizar e acompanhar a implementação do Roteiro.

Debate em torno da sustentabilidade reuniu especialistas nacionais e internacionais

Além de dar a conhecer o propósito e o âmbito do Roteiro para a Descarbonização, a sessão de apresentação contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais em sustentabilidade para debater temas como a transição para uma economia circular, os desafios da descarbonização do setor e a importância da ação coletiva neste âmbito.

Entre os oradores participantes estiveram DJ Forza, Campaign Manager da iniciativa Race to Zero, que apresentou o panorama internacional na descarbonização da economia e na ação climática; Ana Cláudia Coelho, Sustainability and Climate Change Partner da PwC Portugal, abordou as tendências e desafios da descarbonização no setor da Distribuição e Retalho.

O debate “Propósito, Colaboração e Ambição” contou com a participação de Mariana Silva, Head of Sustainability da MC; Bernardo R. Augusto, Responsável de Impacto Positivo da Leroy Merlin; Fernando Ventura, Head of Efficiency and Innovation Environmental Projects da Jerónimo Martins, Francisco Ferreira, presidente da Associação Zero, e Ricardo Zózimo, investigador e professor auxiliar de Gestão da Nova SBE.

Filipe Duarte Santos, professor catedrático jubilado de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e Presidente do CNADS (Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) apresentou a sua visão sobre o desafio das alterações climáticas e a necessidade de uma resposta concertada e coletiva.

O encerramento da sessão de apresentação do Roteiro para a Descarbonização do Setor da Distribuição ficou a cargo de Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente.

Fonte texto e imagem: APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição