por Rafael Alves Rocha, Diretor-geral da CIP
Publicado no Jornal Económico a 19.12.2025
Em 2026, as empresas portuguesas querem subir os salários a um ritmo superior ao que têm vindo a fazer, traduzindo os aumentos de produtividade que estão preparadas para alcançar. A ambição que o Governo revelou a respeito do salário mínimo e do salário médio é muito positiva, sendo agora necessário criar as condições para um aumento consistente da produtividade nacional: mais investimento, maior aposta nos bens transacionáveis, menos burocracia, legislação laboral menos rígida, uma Justiça mais célere, custos de energia mais baixos, entre outras.
O desafio para 2026 é aproximar a economia portuguesa do seu potencial. Ser considerada a «Economia do Ano» pela The Economist é um bom ponto de partida, mas importa desenvolver um ambiente mais favorável ao investimento das empresas em fatores críticos para a competitividade no mercado global, como a inovação, a transição energética ou a transformação digital.
É urgente aumentar a produtividade! O País tem de ser exigente quanto a este objetivo. Produzir mais e melhor será a base de novos investimentos e, através deles, de uma consolidação empresarial benéfica para todos. Empresas maiores são mais eficientes, mais criativas e mais bem geridas, contratam mais talento e retribuem melhor os trabalhadores. Todos os setores em Portugal precisam, por isso, que as suas PME ganhem escala.
É muito importante que 2026 marque o início de um salto de produtividade consistente, estrutural, que permita aumentar os salários dos trabalhadores em função deste incremento. É preciso que Portugal adeque regras e legislação aos novos tempos, em função de realidades como o teletrabalho, os desafios da logística, a volatilidade dos mercados ou as novas formas de conjugar a vida profissional com a vida pessoal.
Quando a Inteligência Artificial (IA) está a redefinir as economias e o trabalho em todo o mundo, as empresas portuguesas têm de capitalizar a sua vocação para os desafios da digitalização, dotando-se de instrumentos para competir com os ecossistemas mais inovadores. Como o aumento sustentado das exportações nos últimos anos demonstra, os empresários portugueses estão preparados para novos desafio e têm uma cultura vencedora na competição internacional.
Fundamental para as empresas em 2026 será, igualmente, a criação de um ambiente político estável e de consenso nacional quanto à prioridade do crescimento económico e da criação de riqueza. Portugal é hoje um país desenvolvido em vários aspetos, como as infraestruturas ou a formação académica das novas gerações. Mas é ainda um país pobre nos salários que as empresas conseguem pagar, devido a diferentes atrasos estruturais, em particular a já referida baixa produtividade.
As empresas são organismos vivos, que têm de se adaptar às mudanças. Nas empresas todas as pessoas contam, todas crescem em conjunto e todas devem beneficiar dos ganhos que uma flexibilidade mútua, equilibrada e justa pode produzir. Nada é mais importante para 2026 do que empresas em paz social, com ganhos sustentados de produtividade e com salários mais altos.
