O crescimento da economia portuguesa reflete o reforço do consumo privado e o bom desempenho dos setores da indústria, do comércio e da construção. “É importante, contudo, apontar a fragilidade de um crescimento que assenta essencialmente no consumo privado, sobretudo quando este resulta de aumentos pontuais do rendimento disponível”, alerta Rafael Alves Rocha, diretor-geral CIP – Confederação Empresarial de Portugal. O investimento público e privado deverá continuar a aumentar devido à execução do PRR, mas as exportações estão a desacelerar.
O Barómetro de Conjuntura Económica CIP – Confederação Empresarial de Portugal /ISEG antecipa um crescimento de 2,2% da atividade económica portuguesa no terceiro trimestre, em termos homólogos, e de 0,6% em cadeia, confirmando o reforço do ritmo de crescimento observado desde o início do ano. O Índice de Confiança ISEG sublinha a subida do nível de confiança relativamente ao trimestre anterior.
As previsões do barómetro CIP/ISEG são sustentadas pelos dados de atividade disponíveis e apontam para um desempenho positivo da produção industrial, do setor da construção e obras públicas e, sobretudo, do comércio a retalho. O crescimento deverá contar com um maior contributo da procura interna, impulsionado pela evolução muito positiva do consumo privado.
“Apesar de o consumo privado estar a sustentar o crescimento, é importante apontar a fragilidade de um modelo que assenta essencialmente neste fator, sobretudo quando este resulta de aumentos pontuais do rendimento disponível”, afirma Rafael Alves Rocha, diretor-geral da CIP. “Pela positiva, destacamos o reforço do investimento público e privado decorrente da execução do PRR, apesar de considerarmos preocupante o agravamento esperado do contributo negativo da procura externa líquida”.
O Indicador de Tendência de Atividade Global CIP/ISEG evidenciou em agosto uma aceleração relevante da atividade económica face a julho, reforçando a tendência de crescimento iniciada em maio. Este desempenho beneficiou do aumento das vendas de cimento e da recuperação parcial dos serviços, apesar de um contributo mais moderado do comércio a retalho.
No conjunto do trimestre, o comércio automóvel registou um crescimento homólogo expressivo:14,7% nas vendas de ligeiros de passageiros e 7,0% nos de mercadorias. Também a produção industrial apresentou forte dinamismo, com aumentos de 20,6% na produção automóvel e de componentes e 17,5% na produção de energia. O consumo de cimento cresceu 5%, refletindo o bom desempenho da construção e obras públicas.
Os indicadores coincidentes do Banco de Portugal e do INE sugerem uma ligeira aceleração da atividade económica em termos homólogos no terceiro trimestre, acompanhada por uma melhoria dos indicadores de clima e sentimento económico.
A projeção atual traduz um reforço do crescimento homólogo face ao trimestre anterior e apenas uma desaceleração marginal em cadeia, explicada por efeitos de base. O crescimento é assim suportado pelo aumento do rendimento disponível das famílias – impulsionado pelas medidas orçamentais, pelo dinamismo do mercado de trabalho e pelos menores custos de financiamento – e pelo avanço da execução dos fundos do PRR, que deverá continuar a traduzir-se num reforço do investimento público e privado.
Esta projeção representa uma revisão em alta em relação à que foi anteriormente divulgada, como consequência do maior dinamismo observado nos setores do comércio a retalho e da construção e obras públicas. A previsão traduz um reforço do ritmo de crescimento homólogo face ao 2º trimestre, ainda que, em cadeia, corresponda a uma desaceleração marginal do ritmo de crescimento observado no trimestre anterior, a qual é explicada pela contração registada no 1º trimestre.
Em termos das componentes da procura, perspetiva-se um reforço do contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB, a que poderá juntar-se um agravamento do contributo negativo da procura externa líquida.
Consulte o Barómetro de Conjuntura Económica CIP/ISEG de outubro aqui.


