A CIP – Confederação Empresarial de Portugal participou, no dia 18 de novembro de 2025, no XI Encontro Ibero-Americano Empresarial, organizado pelo IPDAL – Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas, que reuniu líderes empresariais, especialistas e representantes institucionais de Portugal, América Latina e União Europeia para analisar as implicações do futuro Acordo de Associação entre o Mercosul e a União Europeia.

O Diretor-Geral da CIP, Rafael Alves Rocha, interveio no painel dedicado aos «Impactos práticos do Acordo no setor privado», destacando o carácter estratégico da parceria e os desafios que empresas europeias e latino-americanas enfrentam no atual contexto mundial.

A sessão teve como ponto de partida a apresentação do relatório técnico «Análise das implicações do Acordo de Parceria Mercosul – União Europeia», documento produzido por especialistas em integração económica e que sistematiza os principais impactos económicos, regulatórios e setoriais do acordo. O estudo sublinha que, embora os ganhos comerciais diretos sejam moderados, surgem oportunidades significativas de reindustrialização, atração de investimento e integração em cadeias de valor globais .

No debate em que participou, Rafael Alves Rocha sublinhou que o acordo chega num momento marcado pela fragmentação das cadeias globais de valor e por uma crescente competição geoeconómica. Destacou que o Mercosul representa um mercado de mais de 260 milhões de consumidores, com elevada complementaridade económica em relação à UE, sobretudo nos setores da energia, matérias-primas críticas, agricultura e indústria transformadora.

O Diretor-Geral da CIP relembrou ainda que a parceria poderá desempenhar um papel decisivo na diversificação dos mercados de exportação das empresas portuguesas. Atualmente, cerca de 1 800 empresas nacionais exportam para o Mercosul, num total de cerca de 2,5 mil milhões de euros — valor que revela um potencial de crescimento significativo para Portugal .

Rafael Alves Rocha salientou benefícios concretos do Acordo para as empresas portuguesas, nomeadamente:

  • Redução de barreiras tarifárias e não tarifárias em setores como maquinaria, têxteis, agroalimentar, químico e metalomecânico.
  • Simplificação de procedimentos aduaneiros e regulatórios, com impacto direto na redução de custos e incerteza para PME exportadoras.
  • Acesso reforçado a matérias-primas críticas e cadeias de valor verdes, fator determinante em contexto de forte tensão geoeconómica.
  • Oportunidades decorrentes do Global Gateway europeu, que mobiliza mais de 45 mil milhões de euros para projetos estratégicos na América Latina, incluindo transição energética, conectividade digital e infraestruturas sustentáveis .

O Diretor-Geral da CIP considerou que o acordo permitirá «abrir novas rotas de investimento e reforçar a presença das empresas portuguesas nos mercados ibero-americanos», sublinhando o papel singular de Portugal enquanto ponte entre a Europa e a América Latina.

Entre os desafios de implementação identificados, Rafael Alves Rocha destacou:

  • a necessidade de convergência regulatória, sobretudo em matérias ambientais e sanitárias;
  • as diferenças de competitividade industrial entre os blocos;
  • a volatilidade política no Mercosul, que pode influenciar o ritmo de implementação;
  • as sensibilidades agrícolas europeias, que continuam a marcar o processo de ratificação do acordo .

O encontro reforçou a importância de Portugal adotar uma abordagem estratégica na relação com a América Latina, potenciando os laços históricos e abrindo caminho à afirmação nacional em setores como energia, infraestruturas, agroalimentar, tecnologia e mobilidade sustentável.

A CIP reafirmou o seu compromisso em apoiar as empresas portuguesas na interpretação do acordo, na identificação de oportunidades e na definição de estratégias de internacionalização ajustadas ao novo contexto regulatório e económico.