A Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA) completa este ano 30 anos de existência ao serviço do setor agro-alimentar.

Completar 30 anos é muito mais do que o somatório de três décadas, é olhar o futuro com outra determinação, é sobrepor a qualidade à quantidade, é manter uma certa rebeldia mas agora com outras causas, é fixar um pilar da ponte para a maturidade e para a consolidação de um rumo, é a permanente inquietação de querer marcar a diferença e conseguir superar-se a cada dia que passa. Mas é também viver menos no espaço e mais no tempo, é saber parar e olhar para trás preservando as melhores peças de um “puzzle” que, mais tarde ou mais cedo, se tornará no nosso espelho. A FIPA está de parabéns, chegou aos 30, podendo hoje afirmar que, acima de tudo, o tempo de todos os que se dedicaram a erguer a “casa da indústria agroalimentar” foi bem empregue.

A adesão à CEE e o nascimento da FIPA

A FIPA nasce em 1987, dois anos após a assinatura do tratado de adesão à CEE, pela mão de empresários, gestores e dirigentes associativos que acreditavam que a “união faz a força” e que a competitividade da nossa indústria agroalimentar, no novo contexto do projeto europeu, passava por ter uma interlocutora única e apta a criar uma rede de contactos institucionais sólida e eficaz. Assim, num primeiro ciclo de funcionamento, a Federação assumiu um papel de relevo na intervenção ao nível das negociações do enquadramento legal do setor, numa fase em que o mesmo começou a afastar-se do carácter vertical, onde eram estabelecidos requisitos por produto, e passou a ser caracterizado por uma abrangência mais horizontal, criando regras aplicáveis a toda a Indústria alimentar.

Os desafios da segurança alimentar e as crises da década de 90

Face aos crescentes desafios que foram sendo colocados, entrou-se num segundo ciclo de ação onde, às motivações anteriores, se juntaram os grandes desafios da segurança alimentar e a necessidade de valorização das especificidades do mercado nacional e dos seus vetores de competitividade diferenciados. A Comissão Europeia anunciava o desenvolvimento de um quadro jurídico que passaria a abranger toda a cadeia alimentar – “do prado ao prato” – de acordo com uma abordagem global e integrada. Em 1999 a FIPA lançava uma campanha inovadora de segurança alimentar com a assinatura “Indústria Responsável, Consumidor Consciente” que visou sensibilizar a indústria para as boas práticas de higiene, através de Códigos de Boas Práticas, e promover a implementação da metodologia HACCP.

Consolidação do conceito “do prado ao prato”

Já no início do século XXI, com a publicação da chamada “Lei-Quadro”, é estabelecida a base da nova legislação em matéria de segurança dos alimentos e criada oficialmente a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos. Este foi sem dúvida um dos grandes desafios da história associativa do agroalimentar em particular no que respeitou à introdução da rastreabilidade dos géneros alimentícios e dos alimentos para animais como um requisito geral aplicado a todos os elos da cadeia. A FIPA ganha então uma especialização técnica única em Portugal.

 Alimentar e nutrir o futuro

Consolidadas as vertentes da produtividade, qualidade e segurança, a FIPA manteve toda a sua atenção virada para as crescentes exigências dos consumidores e os emergentes debates da sociedade, tendo iniciado a exploração de um terceiro ciclo de ação focalizado no importante papel da alimentação e da nutrição na promoção da saúde e do bem-estar das populações. Em 2005 é lançada outra iniciativa de caráter inovador no contexto da política de responsabilidade social do setor, o programa Vitalidade XXI, que teve como principal objetivo o levantamento das boas práticas existentes, fomentar o diálogo, definir prioridades, estimular ideias e construir parcerias. Em 2009 é promovida a assinatura dos compromissos da indústria alimentar sobre alimentação, atividade física e saúde, com destaque para o tema da publicidade e marketing dirigidos a crianças que foi alvo de atualização e incremento de subscritores no início de 2016.

Com o setor nos mercados globais

Consciente da qualidade dos produtos e matérias-primas nacionais, associada a um reforço das redes de contactos dentro e fora da União Europeia, a FIPA cedo identificou o enorme potencial de sucesso junto de outros mercados com o consequente ganho de dimensão do setor e da economia nacional. Em 2004 a FIPA começou por dinamizar um programa conjunto de promoção de produtos nos Estados Unidos e Canadá, seguindo-se o envolvimento em diversas iniciativas nos mercados externos. Em 2012 a FIPA é chamada a dar o seu contributo para a definição de uma política nacional para o setor tendo nascido o documento “políticas para a exportação e internacionalização da indústria agroalimentar”. Com o reconhecimento do Portuguese Agrofood Cluster, já em 2017, a FIPA passa a presidir ao seu Conselho Estratégico.

 Inovação sem fronteiras

Entre os vários marcos na vida da FIPA encontra-se o momento de integração do consórcio europeu SPES, em 2003, que permitiu a constituição de uma unidade de mediação técnico-científica, no seio da Federação. Desde essa data, foram já implementados 10 projetos de I&D em áreas como a segurança alimentar, alimentos tradicionais, nutrição, eficiência energética e pegada de carbono.

A dinâmica associativa

Todo este caminho só foi possível com um trabalho contínuo de consolidação do movimento associativo nacional. O setor tem vindo a colher os frutos do projeto de Polo Associativo Agroalimentar, fundado em 2010, que regista atualmente uma adesão de quase metade das associações filiadas a um modelo de gestão integrada e que foi já responsável pela criação de novas associações setoriais. Ainda em 2010, surge outro marco determinante para a consolidação da posição estratégica do agroalimentar com a admissão como associada da CIP, ocupando hoje a FIPA uma vice-presidência da Direção e do Conselho Geral.

A viagem digital já começou

Percorridos 30 anos, a nossa ambição está virada para o futuro. A digitalização da economia está já em curso e a indústria agroalimentar tem todo o potencial para sair na linha da frente. Em 2016 a FIPA associou-se à iniciativa Indústria 4.0, lançada pelo Governo, e está empenhada em contribuir para a criação de condições para a adaptação da indústria nacional, iniciando um quinto ciclo de ação.

Criar valor, construir o futuro!

Os anos passam, os desafios mudam, mas a FIPA continuará a alimentar um compromisso nacional para a indústria agroalimentar que permita reforçar a competitividade, alavancar o crescimento externo, assegurar a confiança dos consumidores, intensificar a inovação, fomentar o emprego e promover um crescimento sustentável!

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