Leia aqui o artigo de opinião desta semana assinado por António Saraiva na sua coluna semanal do Dinheiro Vivo, ao sábado.
Publicado no Dinheiro Vivo, edição de 07.10.2017

“Frequentemente, somos confrontados com a publicação, por entidades prestigiadas internacionalmente, de rankings de competitividade. A semana passada, foi a vez do Fórum Económico Mundial divulgar o Relatório sobre a Competitividade Global, onde Portugal ocupa o 42º lugar em 137 economias, quatro posições acima da classificação de 2016.

A grande quantidade de informação que este relatório proporciona (integra um conjunto de 114 indicadores estruturados em 12 pilares da competitividade) dá-nos uma visão das nossas principais forças e fraquezas relativas, em termos de competitividade, contribuindo assim para definir estratégias de atuação para o futuro.

Este é, para mim, o seu principal mérito, mais do que o seu aspeto mediático, que consiste em saber qual a posição de cada país no ranking global, se subimos ou descemos alguns lugares em cada ano, se fomos ultrapassados por este ou aquele país.

Comparando com os resultados obtidos pelo conjunto das economias europeias e norte-americanas, Portugal encontra-se bem posicionado quanto às suas infraestruturas (sobretudo no que respeita à rede rodoviária) e claramente mal classificado noutros dois pilares da competitividade: o desenvolvimento do mercado financeiro e a envolvente macroeconómica (aqui, fundamentalmente, devido ao nível da dívida pública).

Na resposta à questão relativa aos fatores mais problemáticos para a atividade empresarial, são apontados à cabeça a ineficiência da burocracia governamental e as taxas de impostos.

E, se estes mesmos fatores são igualmente indicados como os maiores problemas em muitos outros países, no caso português estas respostas estão claramente fundamentadas e confirmadas pela péssima classificação obtida nos indicadores relativos ao peso da regulamentação governamental e aos efeitos da tributação como desincentivo quer para investir quer para trabalhar.

No pilar relativo à qualidade das instituições, é também preocupante a classificação de Portugal no indicador sobre a eficácia do enquadramento para a resolução de litígios, o que chama a atenção para a importância de uma verdadeira reforma no domínio da justiça económica, se queremos de facto tornar o nosso país mais atrativo para o investimento.

Este relatório vem assim confirmar a relevância que tenho atribuído a três fatores para a competitividade da economia portuguesa: financiamento, fiscalidade e custos de contexto. Já relativamente à qualificação, os resultados do relatório não são tão evidentes, talvez por se focar na qualidade do sistema de ensino e não nos níveis e adequação da qualificação dos recursos humanos às necessidades das empresas.

Seria bom que fosse dada pelo menos tanta atenção às conclusões que se podem extrair deste relatório e ao seu contributo para a definição de estratégias para a competitividade como à nossa evolução no ranking global.”