Mais de 700 empresários marcaram presença no Congresso CIP 2019, que encerrou com a intervenção do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Passaram pelo palco do Centro de Congressos do Estoril mais de 20 oradores, que debateram com os empresários os desafios com que se defrontam as empresas portuguesas.

A CIP realizou no dia 22 de outubro, no Estoril, o seu Congresso Anual dedicado ao tema “Portugal: Crescimento ou Estagnação? A resposta está nas empresas!”.

No arranque de uma nova legislatura, e com uma constituição parlamentar favorável ao encontro de maiorias de geometria variável capazes de viabilizar as reformas de que o país carece, a CIP, enquanto maior Confederação empresarial nacional, afirmou neste Congresso a necessidade de encontrar um novo modelo económico para Portugal. Um modelo de desenvolvimento para o país que devolva às empresas a posição de charneira que lhes pertence, enquanto garante da produção de riqueza nacional, condição essencial à sua justa redistribuição.

Os trabalhos tiveram início com uma breve intervenção inicial de António Saraiva, Presidente da CIP, seguindo-se as boas-vindas ao Estoril dadas pelo Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras.

Perante uma conjuntura externa que se antevê, política e economicamente, desafiante, a abertura do Congresso da CIP contou ainda com as intervenções do Presidente da BusinessEurope, Pierre Gattaz; e do Presidente da Organização Internacional de Empregadores, Erol Kiresepi.

Esta primeira sessão terminou com a intervenção do Ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, que reconheceu que, nos últimos anos, o motor do crescimento foram as empresas, num movimento que não pode abrandar e destacou a importância do investimento num país que carece de capital.

Seguiu-se uma análise do valor do associativismo empresarial, num painel que contou com os testemunhos dos mais recentes associados da CIP, que representam setores tão diversos como a saúde, o futebol, a distribuição e as telecomunicações. Pedro Proença, da Liga Portugal, Alexandre Fonseca, da Altice, Elena Aldana Castillo, da Mercadona, Cristina Fonseca, da Indico Capital Partners, e Paulo Duarte, da Farminveste, foram unânimes no reconhecimento da importância das associações na defesa do crescimento da economia.

O Diretor-Geral da OIT – Organização Internacional do Trabalho foi o orador que se seguiu, analisando os desafios que se apresentam atualmente ao mercado laboral mundial e qual o papel das empresas no futuro do trabalho. Guy Ryder considerou ainda Portugal um exemplo muito relevante no contexto mundial.

O Futuro do Trabalho continuou em debate no segundo painel do dia, em que o estudo “O Futuro do Trabalho e o Imperativo da Requalificação” foi apresentado por João Duarte, da Nova SBE. O debate prosseguiu com Mário Azevedo Ferreira, do NAU Hotels & Resorts, Samuel Delgado, da Solancis SA, e Susana Serrano, da Adalberto Estampados, que mostraram como é que setores tradicionais como o Turismo, a Pedra e o Têxtil se estão a adaptar aos desafios da automação e da transformação digital, pondo a tecnologia ao serviço das pessoas.

A manhã terminou com a apresentação, feita por Daniel Traça, do ReSkill Hub – Observatório Português de Requalificação Profissional, a resposta operacional da CIP aos desafios e oportunidades criadas pelo processo de automação. Uma ferramenta que vai facilitar e acelerar o encontro da procura e oferta de conhecimento especializado através de uma plataforma de interface entre empresas, trabalhadores e educadores que informa, coordena, facilita e avalia o processo de reskilling dos trabalhadores em Portugal.

José Manuel Durão Barroso abriu os trabalhos à tarde, com uma intervenção sobre a globalização, e o posicionamento europeu no quadro das novas relações de força entre os grandes blocos económicos mundiais. Segundo o ex-Presidente da Comissão Europeia, Portugal está hoje mais preparado para a globalização do que estava há 20 ou 30 anos atrás; o nosso país tem muitas vantagens competitivas, como o mar, mas tem de conseguir potenciá-las.

Seguiu-se a apresentação de um estudo, promovido pela Missão Crescimento e elaborado pela Universidade do Minho, sobre um Novo Modelo de Desenvolvimento Económico para Portugal, que conclui que a falta de qualificações da população adulta, a par com a ineficiência do sistema bancário, têm sido dois dos principais entraves ao crescimento da economia nacional. Os resultados deste estudo foram comentados por Jorge Marrão, da Associação Missão Crescimento, Francisco Coelho Veiga e Fernando Alexandre, da Universidade do Minho, e Carlos Tavares, do Banco Empresas Montepio.

Na sessão de encerramento, o Presidente da CIP afirmou que “a mensagem deste Congresso foi a de que só apostando nas empresas poderemos abrir perspetivas para um futuro mais próspero para Portugal”. António Saraiva resumiu as principais as grandes linhas da estratégia da CIP para um novo modelo de desenvolvimento para Portugal, concluindo que “é tempo de reformas” e que “as empresas, através do seu movimento associativo, querem contribuir para essas reformas como agentes de mudança”.

A última intervençao ficou a cargo de Sua Excelência o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que deixou 5 pedidos aos empresários presentes na sala: que persigam sempre uma iniciativa privada forte e fortemente social; para que nunca se afastem das bases, as PME; para que apoiem o trabalho conjunto entre confederações patronais e laborais – a concertação social abre caminho à paz social; para que pensem o futuro do trabalho; e para que encontrem sempre o equilíbrio entre metas e realidades.

O Presidente da República felicitou ainda o Presidente da CIP pela sua disponibilidade para permanecer, por mais um mandato, à frente dos destinos da Confederação e apelou à continuação do trabalho que tem sido feito na defesa a iniciativa privada, na construção de pontes entre a modernidade e a tradição, e no serviço a Portugal.

Veja algumas fotos do evento na galeria abaixo

Créditos: Rui Elias / CIP