Sempre pensei que este seria o último mandato em que serviria a CIP como seu presidente. Só o apelo de muitos me fizeram reconsiderar e ponderar a recandidatura.

Leia aqui o artigo de opinião desta semana assinado por António Saraiva na sua coluna semanal do Dinheiro Vivo, ao sábado.
Publicado no Dinheiro Vivo, edição de 26.10.2019

https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/as-razoes-da-minha-decisao/

Sempre pensei que este seria o último mandato em que serviria a CIP como seu presidente. Só o apelo de muitos me fizeram reconsiderar e ponderar a recandidatura.

Relembrando a velha máxima de Ortega y Gasset, “o homem é o homem e sua circunstância”, faço um parelelismo com a minha situação particular. As presentes circunstâncias impeliram-me a refletir, a encarar os desafios que a CIP e o país tem pela frente, e a repensar uma decisão por certo mais cómoda, do ponto de vista pessoal, valorizando os argumentos que me apresentaram muitos daqueles que me acompanham nesta missão. A experiência na liderança da CIP seria uma mais-valia marcante para dar seguimento, por mais três anos, ao trabalho sempre inacabado que temos pela frente.

Nos tempos mais exigentes que começamos a atravessar, os desafios que se colocam às empresas refletem-se necessariamente no movimento associativo empresarial. Tanto os desafios de um mundo em mudança acelerada, como os que são específicos da sociedade portuguesa, tornam mais urgente a necessidade de nos reinventarmos, procurando uma nova proposta de valor, um conjunto de soluções que prepare as associações para enfrentar o futuro com sucesso. Só assim o associativismo poderá manter-se como o farol de navegação das empresas.

Retirar-me da missão de liderar este caminho seria fácil, apetecível, mesmo, pessoalmente. Nada me prende às funções que tenho exercido, a não ser as causas pelas quais combato, o sentido de responsabilidade e a confiança que em mim depositam os associados da CIP. Foram precisamente essas causas, o sentido de responsabilidade e a perceção dessa confiança que me levaram a oferecer a minha disponibilidade para servir a CIP por mais três anos, depois da sua insistência.

A última palavra caberá, evidentemente, aos associados, que legítima e soberanamente, deliberarão, na próxima Assembleia Geral, sobre uma proposta que, no quadro da reformulação dos órgãos sociais, cria condições estatutárias para que uma solução de continuidade seja possível.

Se assim for, formarei nova equipa que se apresentará a eleições.

As palavras que o Senhor Presidente da República me endereçou, publicamente, no Congresso da CIP, sensibilizaram-me e deixaram-me a certeza de ter sido compreendido. Deixaram-me também uma pesada responsabilidade, tanto mais que foi muito claro sobre a exigência dos reptos que me deixou:

  • Defender, sempre, a iniciativa privada;
  • Manter a CIP viva e dinâmica junto das bases e em diálogo com os demais parceiros sociais;
  • Fazer pontes entre as vanguardas da modernidade e aqueles que ainda esperam por essa modernidade;
  • Ser ousado nas metas e racional na análise da realidade.

São exigências que espero estar à altura de cumprir.