Dispensamos, por isso, líderes fracos, preconceituosos, e que, com tiradas de mau gosto, cavam divergências e desrespeitam nações.

 

Leia aqui o artigo de opinião desta semana assinado por António Saraiva na sua coluna semanal do Dinheiro Vivo, ao sábado.
Publicado no Dinheiro Vivo, edição de 25.03.2017

“Celebram-se hoje os 60 anos da assinatura do Tratado de Roma.

Tive a oportunidade de assinalar esta data, com os presidentes das principais confederações europeias de empregadores, expressando solenemente o nosso compromisso com a União Europeia.

Fizemo-lo numa declaração que mostra que, na diversidade das realidades e perspetivas nacionais, é possível reunir um consenso alargado sobre a ideia de Europa que partilhamos, como representantes da sua comunidade empresarial.

Uma Europa unida, capaz de dar respostas comuns a desafios comuns.

Uma Europa aberta ao mundo.

Afirmei, nesta ocasião, que, mesmo que reconheçamos que aqueles que querem cooperar mais profundamente em alguns domínios devem poder avançar, temos de nos manter unidos no nosso projeto comum, para construir uma Europa forte e competitiva.

E para nos mantermos unidos, todos os cidadãos europeus têm de compreender que a prosperidade de cada povo está definitivamente ligada à prosperidade de todos os outros.

Salientei, nesta linha, a ideia de que a coesão económica e social – e a política que a suporta – é um pré-requisito para a coesão política.

Defendi também que, na sua abertura ao mundo, a Europa deve cuidar do seu relacionamento com África, um continente que, com todos os seus problemas, encerra também um grande potencial.

Ao longo destes 60 anos, num caminho marcado por inúmeras crises, a União Europeia foi-se construindo, por vezes passo a passo, por vezes com avanços e recuos. Sempre entre medos e ambições, mas sempre com mais ambição quando a sorte – e a vontade dos povos – ditou a emergência de líderes fortes, que tiveram a plena consciência de que o papel da Europa no mundo passa pela sua união e que essa união exige uma coesão cada vez mais forte, no respeito pela identidade de cada nação.

Dispensamos, por isso, líderes fracos, preconceituosos, e que, com tiradas de mau gosto, cavam divergências e desrespeitam nações.

Espero que, das eleições nacionais que terão lugar este ano em vários países europeus, a vontade dos povos conduza ao poder verdadeiros líderes, com uma visão do futuro capaz de relativizar divergências e valorizar projetos comuns, mobilizadores de vontades coletivas.

De facto, precisamos de líderes empenhados na construção de uma Europa mais equilibrada e mais próspera.”